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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Uma cama embaixo da janela



Queria que você soubesse que ainda lembro.
Do seu rosto magro e seu nariz desenhado.
Das suas mãos que se encaixavam perfeitamente nas minhas.
Da disposição dos móveis no seu quarto: a porta que vinha da sala, a estante que ficava ao lado dela, a cômoda de madeira na parede lateral e sua cama embaixo da janela.
Do dia em que pela primeira vez chorei de alegria nos braços de alguém.
Eu ainda lembro, e tenho péssima memória.
A cor dos seus olhos castanhos está na sombra do meu olhar e as vezes que nos encontramos estão para sempre arquivadas no meu coração.
Éramos tão jovens!
Agora me pergunto aonde você foi morar e o que foi feito da velha cama embaixo da janela.
Ela que guardou tantos segredos e aconchegou tantos carinhos, quem sobre ela veio a se deitar?
Ah, velha cama, se eu me lembro de tudo, pode ele ainda se lembrar?
Se o amo e morro de saudades, pode ele ainda me amar?

***

Hoje pensei tanto em você...
Pensei tanto em nós dois...
O coração acelera só de lembrar...
Seguro o ar, tenho medo. Até quando estaremos aqui?

Até quando poderei esperar, antes de saber que é tarde demais?

(12/04/2015)